terça-feira, 8 de junho de 2010

Sexualidade em foco: da parada gay ao dia nacional do sexo.


Aconteceu em São Paulo, neste último domingo, 06 de Junho, mais uma Parada do Orgulho GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais), popularmente conhecida como “Parada do Orgulho Gay“. A manifestação, já presente em diversos estado e cidades do Brasil, ocorreu pelo 14º ano e bateu mais uma vez recorde de público; estima-se que mais de 3 milhões de pessoas de todas as partes do país e também do restante do planeta participaram do evento.

A sexualidade e suas questões circundantes são seguramente os primeiros colocados no que se refere à repercussão e polêmica. Aparentemente, nenhuma cultura ou sociedade escapou das problemáticas oriundas do tema e até por isso, sancionaram ou vetaram comportamentos, assumindo o controle sobre a vida sexual dos indivíduos. O sexo sempre foi constituído de tabus e crenças, pelos quais algumas instituições como a Igreja e o Estado detinham o controle sobre o comportamento dos indivíduos, ampliando, inclusive, tal controle a outros comportamentos encadeados. Naturalmente, quando se adota juízos de valores e códigos de conduta que referendam e controlam o comportamento de seus participantes, os ditos “fora da norma” são SEMPRE prejudicados, excluídos, perseguidos ou mesmo exterminados.

Muitas sociedades ao redor do mundo condenam o homossexualismo, algumas de maneira declarada, outras nem tanto. Contudo, o que se perceber de maneira comum é a sobrevivência do preconceito, passado ideologicamente através das gerações que se seguem.

Na idade média, por exemplo, a Igreja dotada da noção do pecado, provocou a perseguição de muitos homossexuais através da inquisição, pois a homossexualidade era considerada um “desvio da fé” (Atualmente são as Igrejas pentecostais que realizam uma verdadeira cruzada “anti-homossexuais”). Já no séc. XX o homoerotismo deixa de ser considerado pecado e a homofobia alcança a ciência. Pesquisadores de diversas áreas, com destaque para a saúde, empenham-se em caracterizar a homossexualidade como doença. Nem mesmo o saber “psi” escapou de contribui negativamente para a perpetuação do preconceito. A Psiquiatria transformou a sexualidade em algo de ordem exclusivamente biológica (neurológica), assim os homossexuais eram considerados portadores de alguma disfunção, passível de ser resolvida a base de medicamentos. A Psicologia, até passado recente, tratava o homossexualismo também como patologia, entretanto algo relativo aos “desvios de conduta”, em função das relações entre gênero e sexualidade - estabelecidas arbitrariamente pela cultura e sociedade.

É bem verdade que muitas modificações sociais ocorreram, facilitando senão a quebra do preconceito, à maior aceitação do “diferente”. Ainda assim, apesar de todas as informações e avanços o fenômeno da “patologização” da homossexualidade ainda persiste, como por exemplo, na tão conhecida relação homossexualismo X fatores de risco (DSTs, violência, etc.). A Psicologia, em todos os seus vieses, conseguiu construir um conhecimento sobre a orientação sexual - com destaque para a Psicologia Social e suas contribuições sobre a sexualidade, gênero e identidade - que está distanciado dos preconceitos de outrora (Ainda assim, casos isolados como o da psicóloga e evangélica Rosângela Justino, que oferece “tratamento para curar gays”, possam ocorrer por motivos outros que não aqueles da Psicologia).

A Parada do Orgulho GLBT é, antes, um Movimento Social que aproxima e oferece conhecimento a sociedade brasileira sobre este grupo social. A sua repercussão, longevidade e a participação crescente do público de diversas orientações sexuais parecem indicar uma maior abertura da população brasileira para lidar com temas polêmicos, como a sexualidade. Digo, “parece” visto que, hoje, 8 de Junho, o Jornal Hoje (Rede Globo), informou que a Comissão de Educação e Cultura da Câmara, irá analisar o projeto do ex-deputado Edigar Mão Branca (PV-BA) que pretende criar o Dia Nacional do Sexo, nesta mesma data. Como de se esperar, o projeto não foi bem aceito e sofreu forte oposição e preconceito. É verdade que a aprovação do projeto não corresponde a uma prioridade a ser votada nos três poderes, contudo (e de acordo com o autor da proposta) é [mais uma tentativa] de derrubar o falso moralismo da sociedade brasileira em relação ao sexo e promover, ainda que por um único dia, o diálogo sobre a sexualidade e a própria educação sexual.

E você o que acha dessa proposta?

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