segunda-feira, 10 de maio de 2010

Rumo ao Hexa: da consagração ao sofrimento. Vagas abertas!

Há algumas semanas temos observado a ênfase crescente da mídia em relação à Copa do Mundo de Futebol, faltando pouco menos de 1 mês para se iniciar. O assunto tem se reverberado principalmente nesta última semana em virtude da divulgação, nesta terça 10/05, da lista de convocados para a Seleção que representará o Brasil no mundial, na África. Como conhecido e representado ao redor do mundo, o Brasil tem o que se considera “o melhor futebol do mundo”. Somos referência no esporte (que surgiu originalmente na Inglaterra), nosso vasto plantel de “craques” é invejado, logo, “produzimos” e “exportamos” jogadores para todos os continentes a preços extraordinários! Baseado nesse contexto seria fácil cogitar ao Brasil, à conquista do mundial pela 6ª vez... Mas em que medida apenas habilidade e alta performance pode garantir sucesso no esporte?

Muitos entusiastas do esporte declaram sua paixão inesgotável pelo futebol - e consideremos aí uma boa parcela da população brasileira. O sucesso do Brasil no futebol é, para considerável número, motivo de muito orgulho. O “espírito” que envolve os torcedores, esporádico ou não, em todas as regiões do Brasil, sinaliza não apenas o patriotismo, mas também a suspensão temporária das diferenças econômicas, de raça, de credo, de cultura, entre outras, que separam os mais de 183 milhões de brasileiros. É possível imaginar a partir deste ponto, a pressão que sofrem os atletas que têm sob seus ombros as expectativas e aspirações destes milhões de torcedores.

Mas nem sempre foi assim... O esporte da Antiguidade, que tinha como objetivo a superação e aprimoramento físico e moral de atletas individuais, transmutou-se para a superação de “adversários” e a perseguição implacável ao primeiro lugar. As novas tecnologias e o advento da mídia acirram ainda mais o ideal competitivo do esporte na atualidade e auxiliaram a perpetuar as ideologias e modelos de vitória e perfeição para o meio social. Naturalmente, competir implicar no ganhar e perder, mas para atletas e outro envolvidos com o esporte tais resultados podem ser experienciados de maneiras distônicas e extremadas: da consagração ao sofrimento.

A derrota instala um ponto importante de reflexão porque é vivida com bastante sofrimento pelos atletas, principalmente porque sofrem pela pressão não só do ambiente competitivo, mas principalmente pelas pressões oriundas da sociedade. E este sofrimento não é nada menos do que um sofrer psicológico. O universo esportivo exige hoje alto desempenho dos atletas, não estranha, por exemplo, expressões como “esporte de alto desempenho” ou “atletas de ponta”. Neste sentido, é sempre priorizado o desenvolvimento de habilidades e do físico, e deixa-se de lado o aspecto psicológico que envolve toda e qualquer prática de esporte. Em verdade e de maneira geral, só se atenta para as questões de cunho psicológico quando atletas de alto desempenho e condições físicas não rendem nas competições; os psicólogos são, portanto, chamados em caráter especial e de urgência.

Pouco se conhece sobre a participação de psicólogos no esporte e ainda menor é o número de pessoas que conhecem sobre sua atuação e importância. Atletas e comissões e sociedade possuem representações distorcidas destes profissionais e da psicologia ("psicólogo só serve pra cuidar de pessoas com problemas" ou “atletas já nascem com o ‘dom’ de fazer aquilo que fazem e ninguém pode interferir nisto”), de modo que não entendem como podem contribuir, senão em caráter de urgência, a fim de alterar o estado emocional e psicológico dos atletas. Como citado anteriormente, a busca da melhor desempenho e o medo de perder o “poder” por parte de gestores dos mais diversos esportes, inibe o investimento de equipes esportivas no equilíbrio psíquico de seus atletas.

O trabalho do Psicólogo, por outro lado está voltado para intervenções preventivas, podendo atuar na clínica, na pesquisa ou educação na promoção do treinamento de habilidades psicológicas, bem como, no auxílio ao desenvolvimento global do sujeito. Dessa forma pode atuar junto a atletas e paratletas, também com atletas de categorias de base, comissão técnicas ou até mesmo familiares. O Psicólogo pode (e deve) ser mais um integrante da equipe técnica, com importância tal qual a do Preparador Físico, Médico, Nutricionista ou Técnico.

“É estranho que esta participação seja tão desconsiderada no Brasil, uma vez que, os resultados obtidos nos últimos anos, em competições das mais gerais como olimpíadas e campeonatos mundiais vêm caindo drasticamente, não acompanhando o crescimento e aprimoramento de tantos outros países, que “por coincidência” possuem psicólogos em suas delegações. É obvio e até imaturo pensar que estes resultados negativos se dêem, unicamente, em face da ausência de um psicólogo nas equipes. Porém é extremamente plausível pensar que muitos dos resultados positivos em decisões, seja pelo título, pelo terceiro lugar no pódio, ou por uma pontuação qualquer, que poderia ser alcançado, são facilmente escapes pelo despreparo psicológico dos atletas nos momentos que antecedem e que se apresentam na decisão.”

Um comentário:

  1. Sinceramente, eu não lembro quando foi a última - por que não dizer "primeira"? - vez em que pensei na utilidade do psicólogo para os jogadores de futebol(em especifico). Diria que é mesmo válido, principalmente, para os jogadores nacionais que, muitas vezes, saem da extrema pobreza para a extrema riqueza e acabam por fazer besteiras no correr de suas carreiras.

    Parabéns.

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